segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Os Caminhos do Sul.

A tropeada se iniciou
Na Argentina espanhola
De um lado até Potosí
Eram as minas da Bolívia
Então... As planuras de Córdoba.
Estas serviram de estuário
E como diz o vizindário
Mulada de serventia,
É lá que o Jesuíta inicia
Seu primeiro criatório.

E Vieram da Argentina
Pra colônia de Sacramento.
Aquela mulada chucra
De lá ganharam o Brasil
Através de Cristóvão Pereira
Uma tropilha de primeira
Três anos estendida na estrada
Até chegar na Sorocaba.

Mil setecentos e trinta e um
Iniciou-se essa epopéia
E Cristóvão teve a idéia
De ir cortando o Rio Grande
E pelas vacarias do mar
De Sacramento a Viamão
Fazendo a integração
E um cargueiro de motivos
Pra desbravar este chão.

Até que outros Bandeirantes
Paulistas e Lagunenses
Abriram a estrada Geral.
- A rota passou a ser outra
E por motivos diferentes
Não mais as Mulas pras minas
Algumas mãos assassinas
Queriam fazer escravos
Aquela nação de bravos
Das Reduções guaranis

Mal sabiam que esses tauras
Não se prestavam pra escravidão
Porém a mando de uma Coroa
Mancharam de sangue o chão,
Sagraram a inocente pampa
Usando garruchas e espadas
Numa luta encarniçada
Surge um centauro na estampa.
Era Sepé em suas trincheiras
Com seus bravos e suas lanças
Exímios com suas bolas
Melenas esvoaçantes ao vento
Não iria frouxar nenhum tento
Gritando com muito entono...
-Levem mi sangue e Mi vida
Mas esta terra tem dono.

Perderam essa batalha
Mas não perderam a guerra
E ao defender nossa terra
E a Eterna Cruz de Lorena
Sua alma se agiganta
Enquanto sua vida se apequena.

Despertou então um SER
Um misto de bravo e de branco
Bom de briga e ,
Bom de prosa
Que se chamou de “Gaúcho”
Antes no sul do Brasil...
Hoje no sul do Hemisfério.

autor Boris Borges Teixeira

RODEIO DE HERÓIS

Você não conhece Vacaria Tchê
Então chegue pra perto
E conheça o CTG
Que do Rio Grande é PORTEIRA
Uma lide de Mangueira
Cá no parque ferradura
É a tradição mais pura
De nossa estirpe guerreira

Recuerdos de trinta e cinco
Avivam nossa memória
Uma epopéia de glória
Traçada pelos farrapos
Que mesmo vestido aos trapos
Eternizaram na luta
A nobreza e a conduta
Desta raça de nobres guapos

Em Cada tiro de laço
Lançado com precisão
Trás logo a satisfação
De Souza Netto em Seival
De Proclamar em alto brado
“ Liberdade ao nosso estado
E guerra a quem nos quer mal.

Ao ver um Rodeio Crioulo
Eu penso em Gomes Jardim
Como se guindo um clarim
Em Porto Alegre adentrou
O Rio Grande despertou
Com o ideal farroupilha
Formando a grande família
E do jugo se libertou.

E foram tantos heróis
Bento, Canabarro, Teixeira
João Antonio, Onofre, Oliveira
Haviam cavaleiros brilhantes
Combatiam como gigantes
lanceiros Negros do Gavião
salvaram a revolução
Naquele Poncho vedejante

E por fim amigos....

Nossos heróis foram briosos
Até nas condições de paz
Por justiça exalto no más
Os Negros e com suas lanças
A força e a pujança
De raça de homens destemidos
Que jamais serão esquecidos
Pois viverão em nossa lembrança.

Agora Nossos Heróis...

Trocaram de vez suas armas
Em vez da lança é o laço
Mostram a força no braço
No manejo com o gado
Gineteando um aporreado
-briga do homem com o animal
E nessa luta desigual
Só os bons tem seu legado.

Uma cidade de lona
É formada derrepente
Tradicionalistas de todo o continente
Competem com alegria
Na dança, na trova, na poesia
Em torno da mesma cultura
É o Rodeio que se amoldura
Nos campos da Vacaria.

Tantos homens tem história
No rodeio dos rodeios
Índios tauras nos floreios
De um violão ou de cordeona
Ou de uma égua redomona
Como a égua trinta e cinco
Ou então de um par de brinco
De uma prenda querendona.

Eu mesmo me embuçalei
Depois de muitas fusarcas
Quem tocava era os monarcas
Um bailaço no PORTEIRA
Era china lindaça e faceira
E foi num servicito de tousa
depois de um dedo de prosa
Encontrei minha companheira

Por isso que esse rodeio
Tem seu lado emocional
De fama internacional
Cercado de mil atrações
Em cancha ou em galpões
Onde a canha e o chimarrão
É o altar de comunhão
Das prendas e dos peões

Vou falar da vestimenta
São lindos vestidos de prendas
Com babados fitas e rendas
Porém o que encanta gauchada
É a prenda cheirosa de delicada
Como aquela flor no cabelo.
Neste meu canto sinuelo
Vamos vestir a peonada

O traje de gala é bombacha
Bota espora e chapéu
E pedindo a Deus do céu
Que proteja a gauchada
Pra que no fim da jornada
Amadrinhe no más a partida
Pois no fundo a nossa vida
É como uma gineteada.
Boris Borges Teixeira


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Tempos de Inverno

Quando vejo um gaúcho
se apresentando num tablado
de rodeio , bem trajado
apresentando uma poesia crioula
tenho ganas de voltar
voltar ao tempo já ido
me vem na mente lampejos
de muitas lides campesinas
e muitas vacas brasinas,
e de pingos mal domados.

De Noites de lantejoulas
E muitas histórias de amor.
De trastes do dia a dia
De bolichos e de bochinchos
Quisá por rabo de saia

E num vai e vem de lembranças
Toco meus cabelos brancos
E minhas rugas acentuadas
Lembro das rondas passadas
Os pelegos a cama fofa
travesseiro era os arreios
E o cobertor era o pala

A noite de inverno é braba
Pra nós o povo serrano
A geada vem de mansito
E brânquia o mundo grande
Mesmo em roda de uma fogueira
Feita de bugre e guamirim
Guardo fogo a noite inteira
Aceso perto de mim

Dá tremedeira no queixo
E encaranga os dedão
E o cusco rabão
Ao pé do fogo se faz de morto
Nesse silencio profundo
A gente adormece.


Autor Boris Borges Teixeira

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